terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Retratos da Insurreição

Finalmente lá consegui tratar de toda a papelada respeitante à minha estadia aqui. Foi a coisa mais simples que existe. Agora, daqui a uns dias, terei de voltar lá para ir buscar a autorização de residência. Quando saí de lá, porque até vinha bem disposta, decidi tirar algumas fotos ao monumento dedicado aos combatentes da insurreição de Varsóvia, que é mesmo ali ao lado. Estamos em plena cidade velha, onde grande parte da acção da insurreição decorreu. Estes monumentos mostram alguns dos combatentes, salientando o facto de serem civis. Nesta foto aqui em cima, por exemplo, vê-se uma criança, talvez já adolescente, com um capacete que mal lhe serve. Aqui na outra foto vêem-se os resistentes a fugir pelas canalizações da cidade. Foi assim que muitos deles se salvaram (outros não, acho que dependeu de onde sairam, mas não tenho a certeza). Aqui nesta foto vê-se também um padre. Penso que em nenhum destes são retratadas mulheres, mas muitas estiveram também nas fileiras de combate da insurreição.
Nesta zona fica um edifício que tem qualquer coisa a ver com o exército, não sei bem o que é. Quando passei por aqui e estava a fazer estas fotos, os militares polacos estavam a entrar para uns autocarros próprios. Deviam ir a algum funeral, ou algo do estilo, porque na bagageira levavam montes de coroas de flores. Achei curioso o facto de eles estarem todos aperaltados, mas de sobretudo verde, igual à farda deles, com um cinto grosso e acastanhado na cintura. Muito elegantes lá iam eles. Acho que nunca tinha visto militares de sobretudo. O mais engraçado é que cada um deles que ia entrando no autocarro levava na mão um cabide! Imagino que fosse para pendurar o sobretudo, já que eles estavam impecavelmente passados a ferro.
Estas duas placas nestas fotos são alusivas também à fuga dos resistentes da insurreição pelos esgotos da cidade. Em frente a este prédio, onde estão as placas, ficava um dos (ou simplesmente "o") buracos por onde eles escaparam. Não consegui tirar boas fotos, porque o prédio está em obras e está tapado. Eu lá meti a mão por entre os andaimes e consegui tirar estas duas fotos. A primeira placa diz algo tipo: "Por este canal, após uma heróica defesa da cidade velha, foram desde o centro até Zoliborz (no norte da cidade) 5300 combatentes do grupo do norte". Se isto estiver mal traduzido, depois corrigo. A segunda placa mostra o trajecto que eles fizeram. Infelizmente, pelos motivos que já referi, não consegui chegar-me mais perto para ler melhor o que lá diz. Mas quando vierem cá visitar-me podemos passar por lá e ver as coisas melhor.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Os burocratas

Há vários meses que estive no SEF cá do sítio para pedir o meu cartão de residente na Polónia. Para efeitos legais, preciso de o ter. Na altura, deram-me quatro formulários gigantes, daqueles em que nos perguntam mil coisas parvas (os quatro campos iniciais são: últimos apelidos, apelidos anteriores, apelidos iniciais, nome próprio - nunca pensei que pudesse haver tantas categorias de apelidos! Mas afinal só a primeira é q interessava, ou seja, continuo sem saber o que significam as outras) e uma lista com os papéis que eu tinha de apresentar juntamente com esse documento. O drama começou por eu não ter nem o BI, nem o passaporte actualizados depois do casamento. Tive de esperar até ao Natal, até vir a Portugal para renovar os documentos. O BI sim, deu, mas o passaporte não, porque ainda não tinha o BI actualizado. Regressei a Varsóvia apenas com o passaporte na mão e o BI veio cá ter um mês depois. Nessa altura, lá me decidi eu a ir novamente aos serviços de estrangeiros. Felizmente descobri na internet que podia marcar hora e assim não tinha de esperar na fila. Cheguei lá, ainda estive a preencher o que faltava nos formulários, porque havia perguntas parvas (como já disse). Perguntei se podia apresentar tudo com o meu BI, visto o passaporte não estar actualizado. Ah, e tal, não, tem de ser mesmo o passaporte. Achei isto estranho, pois pertencendo eu a um país da UE nem sequer preciso de ter passaporte para estar cá. Mas enfim, eles mandam. Marcaram-me uma audiência para o fim de Março, onde deveria explicar os meus motivos para querer ter um cartão de residência (como se ser casada com um polaco não bastasse...) e trazer o passaporte actualizado. Depois no início de Abril dir-me-iam o "veredicto". Ah, e ainda teria de pagar 340zl.
Bem, voltei para casa com a ideia de na semana seguinte ir ao consulado português renovar o passaporte. Entretanto o drama das fotografias tipo passe, porque aqui têm mil e uma normas para a foto (semi-perfil, com uma orelha a ver-se, sem brincos, óculos nem nada, etc, etc) e em Portugal obrigaram-me a ter fotos normais, de frente. Lá me comecei a mentalizar que ia ter de tirar novamente fotografias e ainda por cima gastar 270zl pela renovação do passaporte (acho que ainda me iam cobrar mais, por o passaporte não estar caducado e ser só actualização de dados). No dia em que ia à embaixada sou acordada não pelos vizinhos de cima, mas por um telefonema da inspectora dos serviços de estrangeiros que tratou do meu processo. A coitada da senhora só nesse dia descobriu que eu sou cidadã da UE (vá-se lá saber onde ela tinha a cabeça quando me atendeu...). Ou seja, a nabice em pessoa!... Então, parece que eu tinha de me deslocar a outro gabinete, no piso inferior, tirar a senha A e era logo atendida (porque nunca havia fila). Com todo o respeito, sem insultar a senhora (que realmente merecia), lá lhe agradeci a indicação e alterei o meu plano de ir ao consulado por ir novamente visitar o serviço de estrangeiros. Cheguei, lugar à porta, fui ao 1º andar, um corredor normal e com ar saudável (o do 2º andar onde tive de ir era horrível, cheirava mal, tinha mil pessoas amontoadas, enfim, um antro). Sou chamada mal tiro a senha (não havia mesmo fila), entro por uma ante-sala toda bonitinha e com a bandeira da UE, chego a um gabinete todo arranjadinho e sou logo bem recebida. De facto, em termos de local, uma diferença abismal do piso superior. E o que é que me disseram os senhores da UE? Basta preencher um formulário (1/3 do anterior que me deram), trazer um ou outro papel, nada de fotos e em duas semanas dão-me o cartão. E pagamento? 1zl! Até fiquei com vontade de beijar as pessoas daquele gabinete! Afinal é tudo tão simples e não sei porquê uns burocratas queriam complicar-me a vida. Ou seja, nada de audiências, nada de pagamentos imbecis e nada de renovar o passaporte! Realmente, é bom fazer parte da UE.

Vá lá, são só duas semanas...

Desde a semana passada que por cá se está em período de férias de inverno. As escolas estão fechadas durante duas semanas e as universidades interromperam durante uma. Esta é a segunda semana de férias da criançada. Para mal dos meus pecados, os meus vizinhos de cima (que em geral são calminhos) têm filhos pequenos, imagino eu que sejam miúdos da escola primária ou do 2º ciclo. Infelizmente para eles estar de férias significa estar em casa. Para mim isto significa fazer barulho. Na semana passada acordei um dia com eles (sim, os miúdos dormem no quarto por cima do nosso!...) a jogar um jogo de computador ou algo do estilo e aos berros. Noutro dia, quando eu ia pôr um cd a tocar cá em casa, eles decidiram pôr música tecno no máximo. Felizmente um minuto depois lá baixaram a música e eu pude ligar algo mais suave aqui em baixo. Hoje, estava eu muito bem ainda no país dos sonhos quando acordo com música hip-hop mesmo por cima de mim e novamente aos berros!... Ou seja, a segunda semana está a começar bem.
A vantagem de tudo isto é que na 6ª feira tive de atravessar a cidade toda sozinha de carro em suposta hora de ponta e não apanhei trânsito nenhum. Ao menos isto.
Entretanto, parece que começou a época da neve aqui em Varsóvia. Hoje acordei e estava tudo branco e com ar de quem não está a pensar derreter brevemente.

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Patinagem artística... ou não!

No fim-de-semana passado aproveitei a visita da Vanessa a estes lados da Europa para ir pela primeira vez patinar no gelo! Estão a ver esta imagem aqui ao lado? Pois não tem nada a ver! Há muitos anos que não andava de patins - e no gelo nunca tinha andado. Para grande horror da família, lá fomos nós aventurar-nos.
Estavam montes de pessoas no ringue. A questão é que eram todos super cromos, já muito habituados a patinar. Eu, super naba, mal me conseguia afastar do corrimão. Com mais 6,5kg em cima e um ligeiro ponto de desequilíbrio para os lados da barriga, lá me fui aguentando e não caí uma única vez (apesar de me ter desequilibrado algumas vezes)!!
Em suma, foi muito engraçado, é um exercício físico interessante. Apesar do stress todo da família ao saber desta pequena escapadela para patinar, valeu a pena porque exercitei-me alguma coisa. Agora, aqueles patins são realmente um bocado desconfortáveis... Nos dias seguintes ainda sentia algumas zonas sensíveis nos tornozelos.
Depois disto, só me falta experimentar o ski.