segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

O meu record pessoal: -19ºC!

Há umas semanas ouvi alguém dizer que antes do Natal as temperaturas iam chegar aos -20ºC. Achei um bocado exagero. Mas na semana passada, quando dei por mim a achar que -10ºC não era assim tão mau, percebi que devia haver algo de errado. Quando as temperaturas estão tão baixas, chega-se a um ponto em que -10ºC não é muito diferente de -15ºC. É apenas horrivelmente frio. Andar na rua sem luvas, chapéu ou cachecol é absolutamente impensável. E os carros... Bem, os carros lá vão andando, mas alguns com dificuldade. Ainda hoje uma vizinha me veio bater à porta à procura do Staś porque o carro dela não queria pegar (e ele já a tinha ajudado dois dias antes). Felizmente nós não tivemos problemas desse estilo. No sábado ao fim da tarde fora de Varsóvia apanhei -19ºC, o meu record de sempre. Não senti ao certo o que isso foi, porque foi só o tempo de entrar no carro. Mas daquilo que senti com as outras temperturas do estilo, tenho mesmo muita pena de quem não tem carro. É que andar na rua assim é uma tortura, sobretudo quando se tem de estar parado à espera de um autocarro ou eléctrico. O mais interessante aconteceu na 6ª feira quando trouxe do carro a mochila da Teresa (com fraldas, dodots e afins), que deixo sempre lá para qualquer emergência, e a embalagem de toalhitas parecia um tijolo! Tinha congelado! Fez-me muita impressão, porque ainda não tenho aquele instinto de não deixar certas coisas no carro que se podem estragar com o frio. Como ontem, em que queria deixar um ramo de flores de que iria precisar mais tarde e preveniram-me logo que não fizesse isso. A verdade é que realmente tudo o que tiro do carro agora está absolutamente gelado. O que vale é que hoje a temperatura subiu uns 10ºC em relação ao que estava ontem à noite, mas mesmo assim está um briole desgraçado.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Retratos da neve

Pormenor de uma árvore que foi cortada na Primavera, numa altura em que houve ventos muito fortes e ou alguém a cortava, ou ela se partia e caía em cima de alguém. Agora ficou um cucuruto entraçado.

Uma chaminé num telhado vizinho, provavelmente desactivada - senão não tinha neve em cima nem à volta.

A minha salsa, coitada... Não é que eu tratasse muito dela, mas mesmo assim faz alguma pena...

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Kolęda, pronomes e factos sobre Portugal

. Ontem recebemos a kolęda, visita dum padre da paróquia a nossa casa por ocasião do Natal. Ele entra, faz uma pequena oração, benze-nos a casa com água benta e depois senta-se um bocadinho à conversa. Aqui na nossa zona moram muitos antigos comunistas (eram os que tinham dinheiro depois da queda do comunismo para comprar casas nestes prédios), que não gostam desta visita. Há dois anos arrancaram o papel que avisa da vinda do padre da porta, para ninguém estar preparado para o receber. Já é o terceiro ano que recebemos a kolęda e, ao contrário do que acontece em casa de outras pessoas minhas conhecidas, o padre gosta sempre de se sentar um bocadinho a conversar. Às vezes desabafa a contar como o trataram mal noutras casas. Mas este ano não houve lamúrias. Veio um padre jovem, muito simpático, com quem ainda ficámos a falar um bocado, muito naturalmente. A Teresa também gostou dele.

. Uma coisa a que ainda não me habituei é o facto dos polacos escreverem os pronomes que se referem aos outros com letra maiúscula. Por causa disto, posso criar mal entendidos. Ou seja, tenho sempre de escrever "Te, Tu, Ti", etc. Custa é um bocadinho a habituar...

. Uma prima do Staś está a fazer um trabalho para o liceu sobre Portugal. Fez-me várias perguntas sobre factos que encontrou na internet e queria confirmar. Perguntou, por exemplo, se era verdade que os portugueses demoram sempre muito tempo a despedir-se, que respondem sempre que está tudo bem quando lhes perguntam, que comem várias refeições por dia. Depois houve também alguns factos meio estranhos que ela encontrou (não sei que sites andou ela a ler) que tive de negar. Tipo que os portugueses dormem umas três horas depois do almoço (era bom!...), que a hora de almoço no trabalho era entre as 12h e as 14h30 (imagine-se!...), que o Grândola Vila Morena era uma espécie de hino nacional e a canção mais popular (não exageremos... não lhe retiro o carácter histórico que tem, mas daí a ser hino nacional ou a mais popular é um bocado exagero). Digamos que foi uma conversa engraçada.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Sou outra vez tia!... ou será que devo dizer ciocia?

Ontem pela quarta vez na vida fui tia. Desta vez pelo lado polaco da família. As últimas semanas foram de grande stress, porque a pequena Marysia não estava a querer sair de dentro da mãe. Mas por fim lá se decidiu, com um empurrãozinho, a vir conhecer-nos. Agora quando a vamos ver é que é pior... A Teresa está meio constipada e mesmo que não estivesse no hospital não permitem visitas por causa das gripes e afins. Vai ter de ficar para um pouco mais tarde, mas espero que ainda antes do Natal.
E por ser a minha primeira sobrinha polaca, tenho de deixar pelo menos algumas felicitações em polaco:

Gratuluję rodzicom i całej rodzinie Marysi! :)

sábado, 12 de dezembro de 2009

Agora sim: está frio!

Se nos últimos tempos já tinha sentido vontade de me queixar do frio, então agora não sei o que dizer. Hoje chegou verdadeiramente o Inverno. Ontem já tinha estado fresco, mas hoje estivemos o dia todo abaixo de zero. Volta e meia caem uns floquinhos de neve, mas nada de especial. Os carros é que sentem mais isto, sobretudo os que - como o nosso - ainda andam com pneus de Verão. Hoje tive de andar um bocado na rua sem uma luva (a minha tendência para perder uma luva voltou a revelar-se... Felizmente acabei por a encontrar!!) e a minha mão ia congelando. Nem pensar em tirá-la do bolso. Com o frio que está não admira que a minha sobrinha polaca tenha decidido que não quer nascer e esteja a fazer a vida negra aos pais, que andam num stress desgraçado à espera do grande dia.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Visitas

Nos últimos tempos temos tido várias pessoas a passar por nossa casa. É sempre bom receber família e amigos, apesar desta época do ano ser particularmente ingrata, pois a maior parte do tempo não apetece passear na rua e há pouco que visitar. Em geral a temperatura tem-se mantido sempre acima de zero, por volta dos cinco, mais ou menos. Eu já estou mais ou menos habituada a isto e quando tenho de andar a pé na rua, ando no meu ritmo acelerado e muitas vezes até tenho calor. Mas andar em passo de passeio é impossível. Experimentámos no sábado e o resultado não foi bom. Nesse dia íam ligar as iluminações de Natal nas ruas da Stare Miasto e ía haver um concerto ao ar livre. Nós, que tínhamos ido almoçar por ali, ainda tentámos esperar pelo começo do espetáculo, só que na altura pareceu-nos impossível aguentar 45 minutos* ao frio para ver luzes de Natal. Ainda perdemos algum tempo a ver uma feira que montaram no Rynek - com coisas muito giras para presente - e já foi muito. Tentei aquecer-me com um chocolate quente, mas nem isso foi suficiente para me descongelar os pés e as mãos. É um engano, vejo temperatura acima de zero e acho que não está tanto frio. O segredo é ter sapatos bons, com sola grossa para isolar bem do frio (algo que naquele dia eu não tinha).
Frio à parte, até se tem vivido bastante bem por aqui. Casa quentinha (à excepção de quando as visitas nos abrem as janelas dizendo que está quente demais), boa saúde, tudo tranquilo, apenas a expectativa de conhecer a minha primeira sobrinha polaca, que não está com grande vontade de vir ver o mundo cá fora.
Enfim, pouco há para dizer. As próximas semanas serão dedicadas a compras de Natal e lentamente à preparação da nossa viagem até terras lusas. Já não falta muito tempo.
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* Sim, acabámos de almoçar e as luzes de Natal íam ser ligadas daí a pouco. Já estamos naquela altura do ano em que às 16h já é noite.