sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

A temperatura sobe e desce, sobe e desce

Voltámos às temperaturas negativas, depois de umas semanas com temperaturas acima dos zero. Por mim tudo bem, não fosse a minha sinusite mal curada a voltar a dar sinal... E logo hoje, à entrada do fim-de-semana!... :(

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Dia Internacional de Memória do Holocausto

Hoje comemora-se o aniversário da libertação do campo de Auschwitz. O presidente polaco e alemão lá se encontraram em Auschwitz para uma cerimónia com antigos prisioneiros (fiquei a saber que o presidente da Alemanha se chama Christian Wulff... nem sabia que ele existia...).
Este dia foi proclamado Dia Internacional da Memória do Holocausto pela ONU em 2005, altura em que se reconheceu oficialmente a existência do Holocausto. A propósito disto, gostava de escrever umas breves linhas sobre um polaco notável, chamado Witold Pilecki, membro da resistência polaca durante a guerra.
Quando o mundo, durante a guerra, insistia em fechar os olhos ao que se estava a passar e em negar que houvesse extermínio de pessoas, Pilecki decidiu fazer algo muito arriscado: deixou-se prender para ir para Auschwitz e aí recolheu o máximo de informações para passar à resistência e, por conseguinte, aos aliados.
Pilecki era um militar, que já tinha lutado na guerra contra os russos anos antes. Quando se iniciou a IIª Guerra Mundial, lutou contra os alemães na chamada Campanha de Setembro. Depois disso, veio para Varsóvia e trabalhou com a resistência. Em 1940 teve a ideia de ir para Auschwitz recolher informações sobre o funcionamento do campo e de criar aí um movimento secreto de oposição. Certo dia, quando os alemães apanhavam pessoas na rua para enviar para o campo de concentração (em polaco traduz-se literalmente por "apanhadas", porque as pessoas eram apanhadas na rua assim do meio do nada), ele meteu-se lá no meio e foi também apanhado. Quase 3 dias depois chegou ao campo de concentração.
Durante a sua estadia, organizou o novo movimento de oposição, criando diferentes núcleos (que não sabiam da existência uns dos outros) que se ajudavam mutuamente, fosse a arranjar mais comida, divulgando notícias do exterior (ou passando para fora) ou mesmo animar os espíritos dos outros prisioneiros. Para além disso, Pilecki foi recolhendo informações sobre o genocídio que estava a acontecer dentro de Auschwitz e através de diferentes pessoas foi passando-as para fora (umas para a resistência, outras para os aliados - informações estas que foram ignoradas, pois os aliados continuavam a achar que era tudo um mito).
Por fim, em 1943 Pilecki conseguiu fugir com mais dois prisioneiros. Andou uns tempos escondido e mais tarde voltou às suas actividades, participando na Insurreição de Varsóvia e no exército polaco no estrangeiro, em Itália, lutando com o general Anders.
Com o fim da guerra, regressou à Polónia e começou a recolher informações sobre o que estava a acontecer aos soldados polacos que tinham lutado na resistência, pois os russos andavam a perssegui-los e muitos tinham sido deportados para a Sibéria. O acima mencionado general Anders disse-lhe para fugir da Polónia, mas Pilecki achou que não havia perigo para si. Enganou-se. Em 1947 foi preso pelo UB (a polícia política dos tempos do comunismo) e um ano depois foi condenado por crimes como: atravessar ilegalmente as fronteiras, utilização de documentos ilegais, posse ilegal de armas, ser espião do general Anders (e colaborador do governo polaco no exílio) e tentativa de golpe contra o Ministério da Segurança Nacional. Pilecki acabou por ser assassinado com um tiro na nuca e atirado para uma qualquer vala comum (não há certeza do sítio onde foi enterrado).
Antes de morrer, Pilecki disse à sua mulher que o UB era pior que a SS de Auschwitz. Terá dito algo como: "Auschwitz ao lado disto é uma ninharia".
Nos últimos anos, Pilecki foi postumamente condecorado pelas autoridades polacas com duas ordens oficiais, uma delas a mais importante na Polónia.

 Placa que assinala o local onde Pilecko se deixou apanhar para ir para Auschwitz. Diz o seguinte: Aqui, no dia 19 de Setembro de 1940, foi preso pelos nazis o capitão Witold Pilecki (1901-1948), "Witold", a fim de, como prisioneiro nº. 4859 de Auschwitz, organizar uma conspiração dentro do campo de concentração. Morreu na prisão em Mokotów [Varsóvia] às mãos dos carrascos de Stalin, + 25 de Maio de 1948. Paz à sua alma.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

As Salas de Brincadeiras

Um fenómeno que se desenvolveu muito cá nos últimos anos são as salas de brincadeiras. Em Portugal sei que também são populares os locais onde se podem fazer festas de anos. As salas de brincadeira servem para isso, mas essa não é a sua função principal.
Daquilo que já observei, há dois formatos: a sala de brincadeiras assim chamada, onde há escorregas, piscinas com bolas e mil e uma coisas onde as crianças se podem pendurar, saltar e brincar, que adicionalmente pode ter uma zona para os pais com pastelaria; os cafés com zona de brincadeiras, que são primariamente cafés, mas que têm uma área onde as crianças podem estar a brincar sem chatear ninguém (enquanto os pais tomam alguma coisa e aproveitam para ler, conversar ou mesmo trabalhar - hoje em dia em toda a parte já há wi-fi). Para além disto, nas salas de brincadeira cada criança paga pela entrada, enquanto que nos cafés paga-se apenas o que se consome (porque são, de facto, cafés). Estes dois tipos de espaço podem alugar-se para qualquer tipo de evento.
A vantagem das salas de brincadeiras é que, quando está frio e não dá para ir ao parque infantil (que os há aos magotes aqui em Varsóvia), as crianças podem brincar lá à vontade. Para além disso, a maioria delas organiza actividades, como festas temáticas, workshops ou até mesmo aulas de desenvolvimento geral para crianças que ainda não andam na escola/jardim infantil. No Outono comecei a ir com a Teresa a umas aulas destas e estamos a adorar. Estas onde vamos demoram uma hora e no fim temos ainda uma hora grátis para estar lá a brincar. Mas, sobre estas aulas, falarei noutro dia. Posso apenas dizer que, desde que começámos a lá ir, a Teresa tem aprendido muita coisa e sobretudo tem-se desenvolvido muito na questão da língua.




Fotos da "nossa" sala de brincadeiras aqui.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Casas na Polónia

Uma das grandes marcas da passagem do comunismo pela Polónia é a forma de habitação.
É verdade que no tempo do comunismo todas as pessoas tinham direito a ter uma casa e recebiam-na. Porém, como é óbvio, não havia grande opção de escolha: ou se ficava com aquilo que o governo sugeria, ou então azar. E qual era o custo disto? Os comunistas fizeram sobretudo duas coisas. Em primeiro lugar, "pegaram" nas casas que já existiam (imaginem aquelas casas antigas, do início do séc. XX ou até anteriores, grandes) e dividiram-nas em vários apartamentos. Ou seja, uma casa com umas seis assoalhadas, uma cozinha e uma casa de banho era dividida de forma a poderem viver lá várias famílias. Uns ficavam com a cozinha, outros tinham uma cozinha improvisada num quarto normal. Outra opção era ter a casa-de-banho ou a cozinha comum, o que não era nada agradável. Hoje em dia encontramos ainda várias destas casas. Às vezes entramos num prédio qualquer e temos a nítida sensação que ali havia um apartamento grande, que foi todo dividido. Uns amigos nossos, por exemplo, viviam num prédio destes e tinham uma cozinha e casa-de-banho "improvisadas". A casa-de-banho, por exemplo, era uma divisão normal que não tinha sido construída com a intenção de ser casa-de-banho, então no Inverno eles passavam imenso frio ali dentro. As filhas pequenas, por exemplo, tinham de tomar banho na sala (que era a divisão ao lado da casa-de-banho...) para não adoecerem. Graças a Deus eles já não vivem ali, porque as condições eram mesmo degradantes (mesmo estando a casa bem decorada e com um aspecto agradável). Basicamente, para dar casa a toda a gente - e para não haver aquela coisa que os "ricos" tinham casas grandes, para nivelar as classes - assassinaram-se milhares de casas belíssimas, que hoje em dia sinceramente não servem para nada (quem é que quer comprar ou alugar um apartamento daqueles???).
A outra coisa que eles fizeram foi construir blocos de apartamentos. Os edifícios construídos por volta dos anos 50 até nem são muito feios (para mim, para os polacos são horrorosos), mas os construídos depois disso são de fugir. Feios, escuros, com uma quantidade enorme de apartamentos por prédio e a maioria deles, claro está, minúsculos. Obviamente são melhores que os que referi acima, porque estas casas foram construídas de raíz e têm uma certa "lógica arquitectónica".

A consequência de tudo isto é que, mesmo as casas novas que se constróem, têm uma área pequena. O mercado está de tal forma que uma casa com 50m2 pode ser caríssima. O lado menos mau disto é que, como os polacos viveram assim durante tantos anos, para eles não faz grande diferença viver numa casa pequenina. São muitas as famílias em que os pais dormem na sala, para os filhos poderem ter um quarto para si (já nem falando das casas com cozinha aberta para a sala).

Quando começámos à procura de casa cá, à partida não queríamos nem uma casa comunista, nem uma casa minúscula, porque precisávamos de pelo menos um quarto para nós e um para as visitas (que já contávamos ter). Hoje, quando vejo a nossa casa - de que, aliás, gosto muito - noto um certo paradoxo. Para os standards portugueses não é muito grande. No entanto, para os polacos, não está nada mal. Digamos que dos nossos amigos de cá que vivem mesmo em Varsóvia (tirando uns que moram numa zona mais periférica e arrendaram um sótão grande numa moradia) somos os que têm a casa maior. E nem perto de 100m2 temos!!...

Para terminar, algumas imagens dos prédios tipicamente comunistas da Polónia (e dos países do antigo bloco comunista):

Prédio mais antigo do comunismo.

Prédios mais recentes do comunismo.

A forma como estes prédios era construída.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Regresso

Ontem fiquei a saber que há mais gente do que eu pensava a conhecer este blog. Será que com isto me vou incentivar a regressar à escrita na blogosfera? Quem sabe...

Janeiro está quase a chegar ao fim e posso apenas referi algumas coisas:
- Foi o mês de Janeiro mais quente que alguma vez apanhei na Polónia. Houve vários dias com temperaturas iguais às de Lisboa, em que já andávamos com menos roupa em cima. Ironicamente, foram os piores dias do mês, pois na sequência destes ficámos todos constipados (e daquilo que pude observar, não fomos os únicos...). Felizmente já voltaram as temperaturas negativas, ainda que rondem os zero graus, e com estas a neve.


(fotos de hoje)

- A Teresa está cada vez mais bilingue, o que é muito giro. Hoje disse pela primeira vez (e muito bem proncunciada) a palavra "óculos". Desde que aprendeu a falar que dizia sempre a versão polaca, okulary, porque sim. Até nós quando falávamos com ela dizíamos instintivamente "okulaly" (como ela dizia). Hoje disse uma frase em português e à primeira usou "okulary", mas depois percebeu que aquela palavra não ficava me naquele contexto e mudou para "óculos". Depois repetiu a mesma frase com "óculos" para ver que tal soava. Nos últimos tempos tem começado a distinguir mais uma e outra língua e a misturaá-las cada vez menos. Para isto acho que têm ajudado muito as aulas onde temos ido uma vez por semana desde há vários meses. Mas disso falarei noutro post.