quinta-feira, 30 de junho de 2011

Tradução ao vivo

Nos últimos dias tive a minha primeira experiência como tradutora "oral", como dizem os polacos. Estive num encontro profissional de uma empresa a fazer a tradução de polaco para português e vice-versa (felizmente a parte de traduzir para polaco foi indiscutivelmente menor). A certa altura, durante um almoço, um dos polacos virou-se para mim muito surpreendido, porque não tinha percebido que eu não era polaca. Achava que eu falava muito bem. Já não é a primeira vez que me dizem isto - e de todas as vezes penso sempre que, se eles acham que eu sou polaca, então devem achar que sou uma polaca meio atrasada mental, porque farto-me de cometer erros e muitas vezes não me lembro de palavras básicas... Então é melhor que saibam que sou portuguesa, porque assim passo de atrasada mental a super estrangeira que se deu ao trabalho de aprender a língua deles.
Fazer esta tradução foi interessante, sem dúvida um pontapé de saída para mais do género, mas muito cansativo. Ao fim de algumas horas o cérebro parece que começa a recusar-se a trabalhar. E o cansaço no final destes dias foi muito visível (não fosse o facto de estar grávida ainda piorar a situação). Felizmente, com o que se ganha por um trabalho destes, posso agora dar-me ao luxo de descansar nos próximos dias sem me preocupar muito.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Fim-de-semana prolongado

Ontem, tal como em Portugal, foi feriado na Polónia. Hoje não se celebra o S. João, mas há muita gente que não trabalha. Como Junho e Julho são os meses mais quentes na Polónia, muitos tiraram férias nesta altura. As escolas já estão de férias e, do que sei, as creches e jardins de infância públicos vão estar fechados durante o mês de Julho (estando depois abertos durante todo o mês de Agosto). Este esquema baralha-me um pouco, pois sempre considerei Julho e Agosto como os meses de férias por excelência. Mas depois de passar alguns Agostos na Polónia já percebi porque preferem fazer assim. Para aproveitar o bom tempo (suposto) nos dois lados, ficamos por cá nestes meses e em Agosto damos um salto até Portugal para aproveitar o calor. Depois, no dia 1 de Setembro começa impreterivelmente o ano escolar, o que também atrapalha, porque gosto de fazer férias no início de Setembro. E como a partir deste ano a Teresa já vai para a escolinha, teoricamente vamos passar a ter de estar cá nessa altura. Digo teoricamente, porque na prática na idade dela ainda não é importante estar presente nos primeiros dias. Que pena que Portugal não fica mais perto, assim poderíamos jogar melhor as férias e ir passar lá alguns fins-de-semana, como este.

terça-feira, 21 de junho de 2011

A cantar desde sei-la-quando na Polónia

Há algum tempo que não ia fazer compras à Biedronka. Ontem, quando lá passei, tive a alegria de encontrar azeite Gallo! Claro que comprei, uma garrafinha com orégãos e outra de reserva. Infelizmente sempre que vi azeite português à venda em supermercados polacos são sempre garrafas pequenas, ou ultra especiais e ultra caras. Estas até não eram caras e dentro das "cromices" eram bastante normais. Ah, para além disso comprámos também queijo português. :)

segunda-feira, 20 de junho de 2011

A Polónia é assim

Este fim-de-semana tomei a decisão de começar a fazer caminhadas a pé todos os dias para ver se me exercito. Só mesmo para chatear, hoje amanheceu um dia horrível, chuvoso e muito ventoso... Adeus, passeio a pé! - e agora vamos ver como vai estar o resto da semana...

O cavalo do campo

Na língua polaca existem algumas palavras compostas que, à primeira vista, não significam aquilo que na realidade significam. Vou explicar isto com um exemplo. Konik polny é o nome de um animal. Se formos ver o significado de cada uma destas palavras temos o seguinte: konik - cavalo e polny - do campo. Então, konik polny é um cavalo do campo, certo? Errado! Konik polny é... um gafanhoto!! Ah pois é! E como esta existem outras na Polónia que, quando oiço de repente, não consigo associar imediatamente ao que é. Preciso sempre de pensar um bocado até chegar lá (e às vezes nem sequer chego...).

quinta-feira, 16 de junho de 2011

A água é blhec

O título deste post é uma frase que podia ser muito bem dita pela minha filha. Infelizmente é a realidade em Varsóvia. Claro que lavamos os dentes e cozinhamos com água da torneira, pelo que há sempre uma parte que acabamos por beber. Mas há que o admitir: a água da torneira é um bocado nojenta. Imaginem o que é estar a tomar banho e de repente olhar para o chão da banheira e ver uma poça de água bege... Blhec!!! E já nem falo da cor da água do autoclismo (parece que limpamos a retrete com xixi). Claro que isto não é todos os dias, mas para mal dos nossos pecados acontece várias vezes.
Esta semana tivemos reunião anual de condomínio e fiquei a saber que há vizinhos que se queixam que não podem usar roupa branca, porque quando a lavam na máquina sai sempre com manchas. Por acaso também já me aconteceu isso, mas foram situações pontuais e jamais pensei que fosse por culpa da água. Mas pelos vistos é. Apesar de no nosso condomínio terem andado recentemente a fazer obras na rede da água, dizem que o problema é da cidade e não do condomínio. Ao que parece, já fizeram várias queixas, mas a situação continua igual. O mais irritante é que basta afastarmo-nos uns quilómetros de Varsóvia e a água é normal e pode beber-se da torneira.
Hoje faltou a água, não só aqui em casa, mas em mais sítios do bairro e, claro, quando voltou lá vinha aquela minha adorada tonalidade bege, creme, ou lá o que seja. A Teresa pediu-me para lhe encher uma garrafinha de água para regar as plantas na varanda e quando lha dei até me fez impressão a cor da água. E não é aquela coisa de deixar a água correr durante um bocado até ficar transparente, porque podemos chegar ao fim de um banho, por exemplo, e continuar com a mesma cor do início. Bem, acho que a solução é não pensar muito nisso. Felizmente não é assim todos os dias.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Festas à noite

No Sábado houve uma festa aqui no bairro*, com concertos, barraquinhas, comes e bebes, actividades para os mais novos, etc. Começou de manhã e penso que terá ido pela noite fora. Como vi que ia ter carrosséis, pensei que seria giro ir lá com a Teresa. Por força das circunstâncias não pudemos passar lá durante o dia. Decidi então que iríamos depois do jantar. Chegámos lá por volta das 22h. No palco estava a tocar uma banda de rock, aos berros, e a vista da "malta" toda espalhada pelo recinto, inclusive por uma pequena montanha que há ali, fazia lembrar-me o ambiente do Rock in Rio (em miniatura, claro). Havia ainda umas pessoas sentadas a comer nas barraquinhas e alguns sítios onde vendiam balões, óculos de sol, brinquedos irritantes daqueles como se vendem na rua (cãezinhos que andam e ladram, bolas psicadélicas, etc.) e outras coisas do estilo. Para os mais novos não havia já absolutamente nada. É o que dá estar-se na Polónia: a partir de certa hora já não se conta muito com as crianças. Ninguém da organização achou que às 22h andassem por ali crianças que quisessem andar de carrossel ou brincar em piscinas de bolas. Se calhar têm razão... Mas para mim, que estou habituada a ver, nas férias, crianças a passear na rua com os pais às quinhentas, foi estranho. Sendo um dia de festa, podiam ter mantido essas coisas mais tempo. Bem, os polacos lá sabem como é na terra deles...

* Sempre que digo "bairro" fico com a sensação que se entende um espaço tipo S. Sebastião da Pedreira, ou Alvalade. Há que ter em conta que aqui bairro é o equivalente a uma cidade pequena...

sexta-feira, 10 de junho de 2011

10 de Junho

Viva o 10 de Junho! Viva a Teresinha!
E, só mesmo para chatear, pela primeira vez na vida dela, estamos a passar este aniversário com tempo frio e muito manhoso...

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Tenho fruta portuguesa em casa!

Foi das melhores coisas que já me trouxeram para cá: nêsperas!!! Que saudades!! :) Mnham mnham...

Ser pequeno em terra de grandes

Há uns tempos, em conversa com umas amigas, constatei um facto interessante. Já sabia que havia uma diferença nas medidas dos bebés polacos e dos portugueses quando nascem: os polacos costumam medir entre 55 e 60cm, enquanto que os portugueses andam à volta dos 45/50 e picos. O caso clássico é a Teresa, que nasceu com 50cm. Em Portugal todos dizem: nasceu grande. Na Polónia: que pequenina!
Noutro dia então descobri que acontece a mesma coisa com os tamanhos dos sapatos. As mulheres cá (os homens nunca reparei, mas penso que é igual) têm o pé maior que as portuguesas. Acho que não conheço ninguém que calce o mesmo que eu. Contou-me uma amiga que, sempre que vai comprar sapatos, tem problemas para encontrar o tamanho dela, porque é o mais procurado. Que tamanho é esse? 39/40!!... Eu disse-lhe que em Portugal tenho o mesmo problema, mas é para encontrar 37. Haviam de ver a cara de surpreendida dela. Para já, da minha experiência, não tenho sentido problemas para encontrar o meu tamanho de sapato; problemas tenho, isso sim, para encontrar roupa do meu tamanho. Em Portugal ainda se encontram em muitos sítios tamanhos S ou mesmo XS (apesar deste último ter deixado de me servir depois do parto). Cá é raro. É uma frustração andar à procura de roupa e ser tudo grande, grande, grande. No ano passado comprei um kispo quente para o Inverno, por exemplo, mas tive de percorrer um milhão de lojas até conseguir encontrar: 1. um modelo que me servisse, 2. dentro dos que serviam, um que fosse minimamente bonito. Ser portuguesa (e pequena) em terra de polacos nem sempre é simples.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Verão em Junho

Nos próximos dias vamos poder desfrutar da visita de familiares que todos os anos aproveitam os feriados de Junho para vir celebrar o patriótico aniversário da nossa filha. A pergunta, quase todos os dias tem sido: "Como está o tempo aí? Que roupa hei-de levar?". A resposta, invariavelmente: "Calor!!!" Apesar de volta e meia aparecerem umas trovoadas que fazem espectáculos no céu e refrescam minimamente o ar, o tempo tem estado bem quente. E a previsão é que este mês de Junho seja assim (graças a Deus!!). O pior disto tudo é o ar condicionado do nosso carro estar estragado. Só no Sábado vamos à garagem tratar disso. Entretanto já duas vezes tive de ir "à cidade" (para mim, ir a algum dos bairros que fiquem no centro ou depois do centro é como ir a uma cidade diferente, devido à distância), apanhei trânsito em algumas zonas e tudo isto à torreira do sol. Claro, de janelas abertas, ar a circular dentro do carro, mas um calor desmedido. Agora, quando não estamos dentro do carro, é muito agradável. No Domingo fizemos um piquenique fora de Varsóvia com uns amigos e foi excelente. As mantas estendidas à sombra de umas árvores, a relva ultra verde (como aliás toda a vegetação cá na Polónia, que tem uma tonalidade verde-alface forte), o calor e uma brisa suave volta e meia: sem palavras! Ai se a Polónia fosse assim o ano todo...!

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Os infantários

Na Polónia, daquilo que me parece, todas as pessoas com filhos pequenos com idade de ir para o infantário pensam logo à partida inscrevê-los num infantário público. Da minha experiência em Portugal, só conheci uma família que tinha os filhos num infantário público; de resto, todos optaram pelo privado. Na minha zona, aliás, nem nunca soube onde ficavam os infantários públicos. Por este motivo, quando chegou a altura de inscrever a Teresa, nem sequer pus a opção de ir para uma escola pública. No clube onde ela costuma ir, em conversa com as outras mães, percebi que toda a gente queria ir para o público. O facto de nós nem sequer termos tentado foi algo invulgar. Aqui no bairro há mais de 20 infantários públicos (muitos deles sei onde ficam, ao contrário da situação em Lisboa). No entanto, a corrida é tão grande, que - disseram-me há dias - 700 crianças deste bairro não conseguiram entrar para nenhum desses mais de 20!... Dos nossos conhecidos, apenas uma criança entrou e foi por cunha. É impressionante, acho que nenhuma escolinha privada tem uma procura tão grande como estas públicas. Quais são os critérios de entrada? Há uma série de pontos que são atribuídos a cada criança (filhos de famílias monoparentais têm prioridade, crianças com alergias também, etc). Mas, no entanto, quando há "empate", decide o director da escola. E neste caso os critérios vão mais para: irmãos de alunos, crianças que tenham irmãos na escola primária que, normalmente, se encontra perto, e outros critérios ao gosto do director.
Ou seja, daquilo que observei das outras mães, poupei uma data de stresses com este processo de candidatura ao infantário público.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Já votei

No Domingo há eleições em Portugal e eu já votei. Fi-lo esta semana e por momentos pensei que não ia conseguir votar. Nas legislativas anteriores também votei por correspondência e não houve problema. Desta vez, deparei-me nos correios com uma funcionária que achou que o envelope estava mal preenchido. Tendo em conta que eu já recebo o envelope preenchido pelo Ministério da Administração Interna, gerou-se ali uma situação problemática. A carta não podia seguir de outra forma que não aquela e a senhora teimava que aquilo era uma salganhada e não se percebia nada. De facto, o envelope tem demasiadas coisas escritas. Depois do meu endereço, por baixo, ainda tenho de escrever o meu número de eleitor. Ora, a senhora vê ali um número qualquer escrito no fim do endereço e vai logo de perguntar: "Que número é este aqui? Isto não pode estar aqui!". Pensei que ia ter de ir à embaixada para tentar resolver a situação, mas decidi ainda tentar explicar à senhora que aquilo era uma coisa oficial, um voto, e tinha mesmo de seguir assim. Depois, o cabo dos trabalhos para enviar registada... Preenchi o papel para a carta seguir registada, mas... também aí a senhora teve algo a dizer! Ora, no destinatário o envelope tem escrito um nome com umas 10 ou mais palavras. No papel só cabia um terço daquilo. Primeiro escrevi siglas. "Não pode ser", disse ela. "Não é isso que está escrito no envelope". Ok, segunda tentativa. Escrevi o que vinha no início do destinatário ("Comissão de não-sei-quê"). Também não. Por fim, lá me disse ela para escrever Ministério da Administração Interna (pelos vistos ela percebeu a palavra Ministério - em polaco Ministerstwo - e achou que era isso que tinha de ser). À terceira foi de vez e lá seguiu o meu voto (espero!!), com um selo enorme comemorativo da beatificação do Papa João Paulo II. Vai ser um voto muito original, com a cara do Papa no envelope.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Dia da Criança

Como em Portugal, hoje na Polónia celebra-se o Dia da Criança. Os mais novos recebem presentes e são convidados a participar nas mais variadas festas. No palácio presidencial, por exemplo, pode-se entrar (mediante a apresentação do BI) e nas traseiras há brincadeiras para as crianças. Em frente à Câmara Municipal (o edifício principal) também há atracções, com ambulâncias, carros de polícia e de bombeiros que podem ser visitados por dentro e outras coisas do estilo. Depois há festas mais pequenas, por exemplo um café perto de nossa casa vai ter concursos e pinturas faciais para crianças, e até a nossa paróquia vai organizar uma festa. Com várias opções por onde escolher, depois de uma manhã de brincadeiras no clube onde a Teresa costuma ir, vamos à tarde à inauguração de um parque novo (um amigo nosso, deputado na assembleia municipal do nosso bairro, propôs-nos ir até lá). E se isso não for suficiente (penso que será, mas em todo o caso...), temos sempre outras opções na manga. Nestas coisas de se festejar o "dia-de-qualquer-coisa", os polacos são bastante sérios. É impossível ignorar a efeméride!

Update: Esqueci-me de referir que o novo estádio do Legia de Varsóvia vai estar aberto a visitas de pais com filhos e que aí também haverá surpresas para os mais novos!!