segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Um bocadinho do tempo de Portugal na Polónia

Há uma semana fomos passear ao centro de Varsóvia e, num jardim, assistimos a uma sessão fotográfica de uns noivos. Até aqui tudo bem, não fossem estar 9ºC ao sol, com vento gélido, e a noiva e a madrinha estarem com vestidos cai-cai... Para dar uma ideia, eu estava de sobretudo e cheia de frio. Mesmo o sol não me conseguia aquecer... Cheira-me que esta noiva passou a lua-de-mel a beber chá de limão com mel e a tomar anti-inflamatórios.

Agora, se tivessem decidido casar-se uma semana depois... a história era outra! Nos últimos dias temos tido um tempo espectacular por aqui. Com máximas à volta dos 20ºC!! A sair de casa sem casacos, nem chapéus, nem cachecóis. Com as botas bem fechadinhas em casa no armário. 
Para mim tem sido uma maravilha. É a primeira vez desde que vivo na Polónia que apanho uns dias assim no fim de Outubro. Deus queira que se mantenham ainda algum tempo! Só de pensar que exactamente há um ano caíram as primeiras neves!... :)

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Água é vida

A bebida que mais bebo durante o dia é água. Às vezes bebo um chá, raramente bebo sumos. Já os polacos preferem beber chá, sumos, água com gás, água com limão,... Aos bebés, por exemplo, começam desde muito cedo a dar chás e sumos. Aquela imagem que temos dos bebés agarrados a um biberon ou caneca de água cá é alterada por recipientes com líquido colorido dentro. Sempre tive de lidar com a surpresa das mães polacas por os meus filhos preferirem beber água. Tanto um como outro prefere sempre água - e eu também.
Nos últimos dias tive duas situações que tornaram o meu hábito de beber água algo estranho. Em casa duns amigos dei por mim a querer beber um copo de água. Procurei visualmente uma garrafa ou garrafão e avistei uma na cozinha. Servi-me um pouco e quando fui a beber... blhac, era uma daquelas águas meio água das pedras, péssima! Acabei a beber água do biberon do M... Entretanto, por acaso, chegaram as compras que eles tinham encomendado online e nada de água (nós encomendamos sempre uns 5 garrafões). Fico a pensar: o que é que eles bebem?? Já noutro dia, em casa de outros, foi o contrário. Dizem-me eles: "Desculpa, mas não temos sumos... Se calhar queres um chá..." Nem queriam acreditar quando lhes disse que preferia beber água! Sim, porque é muito comum eu chegar a casa de alguém, pedir um copo de água e as pessoas acharem que eu estou a fazer cerimónia e quererem obrigar-me a beber qualquer outra coisa.
É tudo uma questão de hábito. Penso que terá a ver com o facto de durante muitos anos não haver água potável nas torneiras. Actualmente, apesar de dizerem que em Varsóvia já se pode beber água da torneira, na prática eu não me fio nisso. Eu e quase toda a gente. A água sabe mal (há uns meses bebi um copo de água da torneira por distração), às vezes tem uma cor estranha e tem imenso calcário. Ora, durante aqueles anos difíceis do comunismo, em que não dava para se estar sempre a comprar garrafões de água, o normal era ferver a água da torneira e beber assim, sobretudo em chás. 
É estranho não se poder beber água da torneira. A T., por exemplo, sabe que aqui no banho não pode beber água do chuveiro, mas em Portugal pode. No fundo é tudo uma questão de hábito.

Afinal há esperança...

Mal posso esperar por aqueles 18ºC!! :)


sábado, 12 de outubro de 2013

Politiquices

Amanhã é dia de referendo em Varsóvia. Uma iniciativa que começou sem ser notada, mas acbou por ganhar enormes proporções. Varsóvia está divida em diferentes regiões administrativas. Cada uma delas tem um presidente da câmara, assembleia e todos os órgãos normais de uma câmara. Acima de todos está o presidente da cidade, que é basicamente quem decide quanto dinheiro vai para cada câmara e trata das questões mais importantes da cidade.
Ora, Varsóvia tem há uns anos uma presidente que nos últimos tempos tem deixado muito a desejar. Então, o presidente da câmara de Ursynow (onde nós vivemos), cheio de ambições políticas, decidiu iniciar uma recolha de assinaturas para fazer um referendo, para decidir se ela há-de continuar a governar a cidade. Tal como disse, a iniciativa foi ganhando grandes proporções e o senhor tornou-se conhecido (que no fundo era o que ele queria). Amanhã é o referendo e agora a questão é se irão votar pessoas suficientes para o validar. É que os apoiantes da actual presidente são contra o referendo e querem boicotá-lo. Enfim...
Tudo isto ser-me-ia totalmente indiferente, não tivessemos nós um amigo que é deputado municipal na nossa câmara e do mesmo partido do presidente (um partido independente que reúne gente de facções políticas diferentes - o presidente, por exemplo, é muitíssimo de esquerda, o que faz que muitas pessoas não o queiram apoiar neste referendo). Ou seja, desde o início que acompanhamos a campanha contra a presidente. E devo dizer que apoio totalmente os argumentos iniciais que eles usaram. Para além disso, desde que começou esta campanha, a presidente resolveu uma série de problemas que se andavam a arrastar há meses, o que foi muito bom. O problema é que a partir de certa altura o presidente começou a querer dar demaisdo nas vistas. Por exemplo, a cidade está agora cheia de cartazes dele a incentivar as pessoas a irem votar, só que basicamente o cartaz é a cara dele e o nome, e só num lado diz para as pessoas irem votar. E isto acho absurdo.
Não faço ideia se o referendo vai ser vinculativo ou não, e se for qual será o resultado. Sei que em alguns aspectos Varsóvia já ganhou e as coisas que estavam mal e se andam a arrastar duvido que sejam resolvidas tão cedo. Basicamente são manobras de diversão política e independentemente do resultado, o nosso presidente já ganhou o que queria ganhar: notoriedade política.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Sim, há homens que não gostam de futebol

Sendo nascida e criada em Portugal, há uma coisa que continua a fazer-me muita confusão na Polónia. É o facto de haver homens que não ligam ao desporto. Não me refiro concretamente ao facto de praticarem ou não (isso não sei), mas de assistirem, apoiarem, vibrarem. No caso concreto do futebol percebo que a liga polaca é fraca, mas há muita gente que apoia equipas estrangeiras, que vê a liga espanhola, inglesa, italiana, os jogos da Champions, etc. Agora, haver homens que se calhar nem sabem o que é um fora de jogo, isso já acho demais! Lembro-me, no ano passado, durante uma reunião de pais no infantário da T. que já se estava a prolongar demais, havia três pais que começaram a ficar com bicho-carpinteiro porque estava quase a começar um jogo de futebol importante. Três em sei lá quantos. Os outros nem sabiam quem ia jogar.
Quando estou com alguém que me diz que o marido "não gosta de futebol" ou "não liga", tento reagir com a maior naturalidade possível. Só que dentro de mim há uma voz que grita: "Oquê????????? Como é possível???". Ainda por cima acho um desperdício quando há famílias com grandes televisões em casa, com enorme qualidade, nas quais ver um jogo de futebol é uma delícia para os olhos, e simplesmente nem sabem qual é o número do Eurosport (ou semelhantes). Dá Deus nozes a quem não tem dentes.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Semana portuguesa (e espanhola...) na Biedronka

A semana passada foi a semana Ibérica na Biedronka. Infelizmente eu não sabia e o mais curioso é que passei lá um dia e nem dei por nada... É o problema destas acções temáticas de supermercados tipo Lidl e Biedronka: tudo desaparece num instante sem lhe pôrmos a vista em cima. Mesmo sabendo que já tinha acabado a semana, decidi passar lá a ver se encontrava alguns restos. E encontrei!


Queijo flamengo dos Açores (sempre achei uma pena não haver cá), queijo de vaca e cabra de barrar, vinho (bem... vinho português encontra-se sempre!!) e... bolacha Maria! Parece uma coisa ultra simples, mas os meus filhos adoram e cá não há. Mal peguei nelas no supermercado, o M. começou logo a gritar: "bu'acha! bu'acha!", e queria que eu abrisse logo o pacote. Numa situação normal teria comprado logo uns dez pacotes, mas como ainda tenho uma caixa cheia de pacotes trazidos de Portugal achei que não valia a pena.
Disseram-me que houve também à venda um livro com receitas portuguesas. Quem mo disse sugeriu que eu fosse ver se ainda havia para comprar. Bem, comprar um livro de receitas portuguesas na Polónia para mim seria um pouco estranho... O único motivo que me poderia levar a fazê-lo seriam os ingredientes, porque muitas vezes, quando quero fazer algo português, faltam-me ingredientes e não sei qual é o equivalente polaco. Talvez neste livro encontrasse isso. Mas, por outro lado, do que ouvi de uma receita de cozido à portuguesa, a lista de ingredientes estava incompleta. Acho que o melhor é manter-me com os meus livros tradicionais e não inventar.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

O que as polacas fazem no Outono

Para muitas polacas, o Outono é a sua época preferida do ano. Julgo que gostam não só das cores da natureza, mas também da melancolia própria da estação. No entanto, há outra coisa de que acho que elas também gostam. É que no Outono aproveitam para fazer várias coisas para consumir durante o Inverno. Se os homens dedicam este tempo a fazer licores de diferentes frutos do bosque (há tantos e tão diferentes, que eu nem saberia traduzir os nomes), as mulheres dedicam-se a fazer compotas. Aproveitam os últimos tempos com fruta de Verão e é vê-las a encher frascos e mais frascos (e os supermercados cheios de recipientes vazios para vender). Mas não se ficam só nas compotas: há quem prepare também couve e pepinos para fermentar e fazer aquela espécie de chucrute e pikles. Nos últimos dias tenho visto várias mulheres todas entusiasmadas a fazer as suas compotas e todo o tipo de conservas de frutas e legumes. No ano passado eu também me dediquei a fazer o tradicional doce de abóbora português. Este ano não fiz, mas passei a minha receita a outras pessoas que se interessaram por ela no ano passado. Agora já me disseram que vão fazer um concurso de provas de doce de abóbora para eu ver que tal ficou. Estou para ver.
Mas o que acho mais engraçado nisto tudo é ver a alegria com que fazem isto e que é mais uma das coisas que faz os polacos gostarem tanto do Outono.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Problemas com a temperatura

Se há coisa que me custa na Polónia é ter de usar em Setembro casacos de Inverno. Todos os dias quando saio de casa nunca sei o que hei-de pôr em cima de mim. Olho para o termómetro, vejo temperaturas à volta dos 10ºC e penso logo em levar um kispo. Mas de repente páro e penso: "Espera lá, isso é o que eu uso quando estão temperaturas negativas, tipo -10ºC... Como é que eu fazia nesta época nos anos anteriores?" Fico sempre sem saber o que fazer. A opção é usar casacos mais leves, mas saio sempre de casa com a sensação que vou ter imenso frio na rua. Felizmente acabo por não ter. Ah, e normalmente a cabeça tem de ir coberta com algum capuz ou chapéu. O ventinho que tem estado não é para brincadeiras. O pior é que estou a notar uma tendência para estar cada vez mais frio e não sei se vou aguentar muito mais tempo a usar casacos de meia-estação...