quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Miś

Miś, em polaco, significa ursinho. Costuma ser usado como alcunha de alguém, ou como forma carinhosa de trato (geralmente entre casais ou pais e filhos). Miś é também o nome de um filme polaco muito conhecido, do início dos aos 80. A minha professora de polaco já me tinha recomendado ver este filme, para ter uma imagem dos anos do comunismo na Polónia. Eu, entretanto, tinha visto a sequela, chamada Ryś, mas que estreou no cinema no ano passado, ou seja, é um filme recente - nada de comunismos.
Há uns dias, finalmente, vi o famoso Miś. Devo dizer que é bastante engraçado, apesar de termos posto mil vezes em "pause" para eu poder perceber devidamente todas as piadinhas. Conta a história de um homem, presidente de um clube desportivo, que se divorciou e descobre que a ex-mulher planeia ir a Londres levantar todo o dinheiro de uma conta comum que eles lá tinham. Só que ela rasgou-lhe o passaporte para ele não pode sair do país. E para conseguir um passaporte novo, naqueles tempos, teria de esperar um ano. Então, ele vai procurar um sósia para conseguir tirar-lhe o passaporte e ir a Londres levantar o dinheiro todo antes da ex-mulher.
No meio destas confusões todas, vamos tendo uma imagem do que era a Polónia comunista. Ao princípio, eu achei estranho como era possível os comunistas terem deixado fazer um filme que gozasse com eles próprios. Explicaram-me que esta era uma espécie de "crítica controlada", quer dizer, se eles deixassem sair este filme com estas piadinhas, sabiam com o que contavam. E para eles era melhor isto assim, do que um filme com críticas mais fortes a circular na clandestinidade.
Neste filme podemos ver como eram as filas nas lojas, para se conseguir comprar algo; como os funcionários das lojas tratavam mal os clientes; como pessoas do campo traziam os seus bens para vender clandestinamente na cidade; como circulavam poucos carros e os transportes públicos estavam sempre a avariar (no filme há um dia em que os elétricos avariam todos e, para compensar, os comunistas criam o "dia do passageiro a pé"); como numa casa minúscula tinham de viver várias pessoas; como nas cantinas e refeitórios serviam mal as pessoas; como a polícia não tinha interesse nenhum em ajudar; enfim, uma infinidade de coisas. Em geral, é muito interessante, este filme. No fim, termina com uma cena em que no fundo estão umas pessoas vestidas à camponeses típicos polacos e a cantar uma música de natal, só que a letra foi devidamente alterada para não ter conteúdo religioso.

1 comentário:

Anónimo disse...

Incrível!!! Mas essa do dia do passageiro a pé é o máximo! Decerto já alguns resolveram tentar a greve e eles airosamente chamaram-lhe O Dia do Passageiro a Pé!!
As influências nefastas desse regime ainda hoje se fazem sentir por muitos lados, inclusivé aqui a nível do ensino e outros.
É de facto bom ir percebendo como na prática isso aí foi terrível. E como eles são peritos na mentira e na deturpação da realidade e da verdade que apresentam e impingem distorcida.
comunas prá sibéria!!!