sexta-feira, 27 de maio de 2011

Casamentos durante a guerra

Ontem fiquei a saber uma coisa curiosa que desconhecia. Com o recente falecimento do avô do Stas, a família vê-se agora a braços com diferentes burocracias que têm de ser resolvidas. E é preciso arranjar certidões de tudo, incluindo de casamento. Foi a propósito desta certidão de casamento dos avós que fiquei a saber algo novo. Os senhores casaram-se em 1944, ainda durante a guerra. Ambos viviam na zona oriental da Polónia, que tinha sofrido a ocupação nazi e estava a levar com a chegada dos vermelhos soviéticos. Basicamente não havia rei nem roque. Então, do que a avó conta, durante o tempo da guerra só se celebravam casamentos religiosos, porque na prática não havia uma autoridade civil que mandasse e que registasse o que quer que fosse. Ou seja, durante vários anos os avós não tinham nenhum documento civil oficial que declarasse que estavam de facto casados. Só com o comunismo se instituiram os casamentos civis.
Resta ainda dizer que, nos anos do comunismo, quem desejasse casar-se pela Igreja tinha de se casar duas vezes; é que não havia nenhum regime concordatário em que o casamento religioso tivesse também fins civis. Então fazia-se assim: de manhã os noivos empinocavam-se todos e iam com a família ao registo civil para a celebração do casamento e depois à tarde empinocavam-se novamente para irem todos à igreja, para a celebração religiosa. Em suma: passou-se de uma época em que só havia casamentos nas igrejas para uma em que os noivos tinham de se casar duas vezes no mesmo dia.

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