sexta-feira, 9 de março de 2007

Álbum de Varsóvia II

Noutro dia, quando pensávamos ir apanhar um pouco de ar puro, demos de caras com este parque. Pensava eu que ia esticar as pernas num jardim normal, mas afinal aquilo era um monumento do pós-IIª Guerra Mundial, construido pelos russos. O que à primeira vista parecia um belo parque era nem mais nem menos que um cemitério de soldados russos que morreram em Varsóvia a lutar contra os alemães.
Em 1944, durante 63 dias, o exército nacionalista polaco, a resistência e milhares de civis barricaram-se em Varsóvia numa tentativa de libertar a cidade do exército alemão. Ao mesmo tempo, os soldados russos avançavam cada vez mais. Quando começou a insurreição, já tinham alcançado a margem oriental do Vístula. Porém, não se mexeram até a insurreição ter terminado. Ao que parece - e atenção que esta interpretação pode ser algo chocante -, quiseram esperar que os alemães e os polacos se matasse uns aos outros para depois entrarem e conquistarem tudo. No fim de Setembro as condições começaram a piorar, porque já não havia alimentos, os alemães cortaram a água (o que permitia aos resistentes circularem pelos esgotos), não tinham comunicações, as munições acabavam, os ataques continuavam, muitas baixas, etc. Não sei se se lembram, mas há uns tempos coloquei aqui no blog uma foto de um pequeno monumento na parede da catedral de Varsóvia que era um bocado de uns taques que os alemães usavam contra os polacos durante a Insurreição. Pelo que me disseram, eram tipo tanques-bomba. Por fim, no dia 2 de Outubro, sem mais qualquer hipótese, os polacos tiveram de se renderam. As estatísticas dizem que morreram 18 mil soldados e 250 mil civis, sem falar nos feridos.
Quando vierem a Varsóvia, é essencial visitar o museu da Insurreição, que explica tudo muito bem. No centro da cidade, na zona onde se barricaram, podem ver-se vários monumentos ou placas que indicam alguns dos principais acontecimentos. Chocante também é ver, em algumas igrejas, placas com os nomes dos civis que morreram, a maioria muito jovens
Ora, voltando ao cemitério dos russos, quando Varsóvia já estava totalmente destruida (sim, porque depois disto os alemães estavam furiosos e destruiram tudo o que ainda tinha ficado de pé) e os alemães cansados, os soldados russos entraram e num ápice expulsaram os ditos nazis. Apareceram, assim, como os bons da fita que libertaram a cidade. Numa altura altamente estratégica, em que a resistência polaca tinha sido destruída e eles sabiam que podiam tomar o poder sem oposição local. Mas deixando-me de "politiquices", voltemos ao cemitério.
O mais curioso é que em nenhum lugar se pode ver uma cruz. O único símbolo que aparece é a estrela comunista.

Aqui uma vista geral da entrada. Aquele obelisco ao fundo estava com algumas coroas de flores e velas. Pelos vistos ainda há quem venere estas coisas...














Do lado esquerdo e do lado direito da foto de cima podem ver-se estas campas rasas com placas com o nome dos soldados. Nesta zona parece-me que estão os que eram mais do que simples soldados, que teriam patentes mais elevadas. Vê-se mal, mas na parte de cima de cada placa está uma estrela.














Dos dois lados do obelisco estavam duas estátuas enormes a representar os soldados. Esta apresenta um soldado a segurar um soldado ferido, mas os dois com expressões de ódio.














Um pequeno pormenor das caras deles. Não dá para ver bem, porque todas estas fotos foram tiradas com o telemóvel... À falta de máquina, vai mesmo assim.














A estátua do outro lado também tem um soldado a amparar outro, mas o segundo parece morto. A expressão deles não tem nada a ver com a da outra estátua.














As campas dos soldados normais.














Um pormenor de uma campa, a única que vimos com fotografia. Ao que parece, este soldado tinha 19 anos. Mais uma vez, vê-se a estrela comunista.



















Há uns anos, quando cá estive, lembro-me de ver em Kampinos (um grande parque natural perto de Varsóvia) um cemitério de soldados polacos, daqueles à americana, que têm um relvado enorme com várias cruzes brancas. Nele estão vários soldados de um exército formado na altura da Insurreição, mas que foi derrotado pelos alemães.
Vou ver se estudo mais um bocadinho e outro dia venho aqui contar mais.

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