Na semana passada fomos passar uns dias à praia. Foi o meu primeiro contacto físico com o Mar Báltico. Há um ano e meio já tinha estado na zona da Trójmiasto (nome como é conhecida a região de Gdańsk, Gdynia e Sopot), mas como era Inverno limitei-me a olhar o mar, de kispo e gorro enfiado quase até ao nariz. Desta vez foi diferente.
Na 4ª feira ao fim da tarde partimos em direcção a Ustka, uma cidade portuária no norte da Polónia. Pensámos muito sobre que trajecto tomar e por fim decidimos ir por um caminho um pouco mais estranho, mas em que beneficiaríamos de vários quilómetros de autoestrada. A viagem até nem se fez mal - só ao princípio a Teresa se queixou um bocado, mas depois sossegou. Chegámos à meia-noite. Estas viagens por dentro da Polónia são sempre longas, devido ao tipo de estradas. Elas até nem são más, há muitas rectas onde se anda bastante bem. O problema é que de repente entra-se numa povoação, surgem passadeiras, cruzamentos, etc, e lá se vai a boa velocidade a que vínhamos.
Para já, vou só referir a viagem de ida e de regresso, a estadia na praia fica para outro post. A piada de se andar por estas estradas nacionais é que se vão encontrando umas coisas interessantes. Tanto para lá como para cá cruzámos duas vilas onde havia ruínas de castelos dos templários. Numa delas, o castelo estava ainda muito bem conservado. Lembrou-me bastante o de Ciechanów, onde estivemos no ano passado, mas acho que era mais bonito. Tenho algumas fotos que tirámos na viagem de regresso, porque tivemos o azar (ou a sorte) de ficar parados numa fila nuns semáforos mesmo ali. Depois mostro. Acho muito interessante este tipo de castelos, porque não tem nada a ver com os nossos. São de tijolo, em algumas zonas há tijolos mais escuros a fazer um pequeno desenho, depois têm uns buracos onde se enfiavam umas grossas traves de madeira para formar pisos. São mesmo giros. Numa dessas vilas vimos, uns quilómetros à frente do castelo em ruínas, uma casa antiga também de tijolo. Tinha completamente ar de ter sido construída com os tijolos que faltavam ao castelo! Este pessoal pelos vistos desenrascava-se como podia.
Durante a viagem cruzámos o rio Vístula duas vezes, da segunda vez antes de entrar na autoestrada. A autoestrada é boa, anda-se lá muito bem. Só falta introduzirem Via Verde, para não se ter de ficar parado nas portagens, mas... para isso é preciso haver uns quilómetros mais de autoestrada na Polónia! Depois de sair, fomos por uma estrada secundária que atravessou a região dos Kaszubi. É uma região da Polónia muito característica, penso que a única que tem um dialecto próprio. As placas com os nomes das povoações apareciam sempre escritas em polaco e por baixo ou mais à frente em "kaszubiano". Não consegui tirar uma fotografia a nenhuma, porque já era muito tarde e íamos com alguma pressa.
Quase na etapa final da viagem, passámos por Słupsk. Para minha grande surpresa, esta cidade parecia não ter nada de polaco! O Staś dizia que parecia uma cidade alemã. Nunca estive na Alemanha (pelo menos fora dum aeroporto), mas de facto polaco é que aquilo não era! E, na realidade, aquela região pertenceu durante anos à Prússia, daí que seja muito normal ter influências germânicas. Não entrámos a fundo na cidade, só atravessámos algumas ruas principais. Mas devo dizer que a achei lindíssima.
Em relação a Ustka, a cidade portuária e de praia daquela zona, também não parece muito polaca. É uma típica cidade de praia, em alguns aspectos lembrou-me a Figueira. Não pensei que na Polónia pudesse haver sítios assim. Gostei de ver. É curioso ver letreiros escritos em polaco e alemão, para os turistas.
Da viagem de regresso pouco há a dizer. Desta vez, peguei no volante, pelo menos duas vezes, para não sobrecarregar o Staś. Achei um bocado chato conduzir nas nacionais, mas por sorte também pude guiar na circular de Grańsk e ainda um bocado de autoestrada. A viagem correu sem sobressaltos, mas a certa altura, numa dessas estradas meio secundárias, começámos a ver uns brutos a ultrapassar e a andarem a abrir. Uns quilómetros mais à frente apanhámos uma fila gigante de carros. Primeiro pensámos que seria um semáforo, pois estávamos à entrada de uma vila. Depois, percebemos que tinha sido um acidente... Provavelmente um daqueles alarves a conduzir... Sem saber o que fazer, decidimos inverter a marcha e ir em sentido contrário. Vimos uns carros à nossa frente que começaram a meter-se por um caminho de terra batida (seria mesmo um caminho?? Aquilo mais parecia a horta do Ti'Manel... Enfim...) e metemo-nos também atrás deles. Mais à frente virámos à direita, continuando no meio do campo e quando olhei para trás vi que vinha uma fila de uns 20 ou 30 carros atrás de nós. Decidiram todos fugir por ali. Tivemos sorte que o carro não se estragou (não temos propriamente um jeep...) e depois lá conseguimos retomar a viagem normalmente. O regresso, apesar de termos saído mais cedo, foi um bocado mais secante. A Teresa decidiu que não gostou do lanche a meio da viagem e forçou-nos a uma paragem numa terra desconhecida para trocar de roupa e limparmos o carro. Vicissitudes. À chegada a Varsóvia, tudo normal, como quando tínhamos saído. Os meus olhos esforçavam-se por estar bem alerta durante esta última fase da viagem. Demorámos quase 9h!... Foi um massacre, sem dúvida nenhuma. Mas acho que valeu a pena, só para poder estar uns diazitos na praia.
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