sexta-feira, 25 de setembro de 2009

A vida difícil dos mineiros

Faz hoje uma semana que houve um acidente grave numa mina de carvão em Wujek-Śląsk (lê-se shlonsk). Apesar de todos os controles de segurança, durante os trabalhos numa parede houve uma repentina subida no nível de metano no ar, que provocou uma explosão mais ou menos a 1km debaixo da terra. Não se sabe bem como terá acontecido, pois foi totalmente imprevisível. Hoje morreu o 18º mineiro, que estava internado há uma semana. 12 tiveram morte imediata no local. Há ainda pelo menos 34 internados em estado grave. O presidente decretou luto nacional e até o Papa deu as condolências no fim da sua habitual catequese de quarta-feira (é engraçado ouvir o sotaque dele a falar polaco). O Durão Barroso também enviou uma mensagem de pesar.
Ser mineiro, de facto, não é uma coisa fácil. Um amigo nosso proveniente daquela região disse que lá se sente o síndroma das famílias dos mineiros, pois num prédio em cada andar há pelo menos uma viúva de um mineiro. Os homens morrem cedo, já que é uma profissão extremamente desgastante (nem falo nos acidentes que infelizmente às vezes acontecem).
Ao que parece, o último grande acidente numa mina na Polónia foi em 2006. Esperemos que agora não se volte a repetir tão cedo.
Acrescento apenas que na Polónia há muitas minas: de sal, de enxofre, de calcário, de argila, etc. Penso que se situam sobretudo no sul do país. Para eles é normal ouvir falar de minas. Para mim não foi tanto, por isso tiveram de me explicar certas coisas básicas, como por exemplo que existem sensores que detectam gases no ar e o que é preciso para o metano gerar uma explosão. Interessante tudo isto, não fosse o facto de terem morrido tantas pessoas.

1 comentário:

Anónimo disse...

Em Portugal havia várias minas a funcionar dantes... no Alentejo várias, e tb as da Urgeiriça (de urânio)Provocaram problemas de saúde tb. Mas todas fecharam. Acabou-se a mina!
Esse desastre fez-me lembrar aqueles infelizes que vieram do Norte para a praia Maria Luisa e morreram soterrados... como se fosse numa mina, tal e qual, mas não era mina. Essa zona onde há todas essas mulheres que perderam os maridos ali, lembra-me a praia da Nazaré outrora onde toda aquela gente vivia do mar e as pobres mulheres tantas vezes choravam na praia quando havia tempestade e muitas delas perderam os maridos nesse dura faina. Também temos de norte a sul esta história triste visto que a nossa costa é grande e viva-se no passado muito da faina da pesca com esse risco sempre inerente e a consequente dor dos familiares aquando dos naufrágios. Actualmente não se vive tanto da pesca por isso esta realidade não é tão conhecido das camadas mais jovens. Mas no passado era infelizmente frequente ver essas mulheres dos pescadores que tinham perdido a vida no mar, embrulhadas nos seus grossos xailes pretos e de preto se vestiam para o resto da vida. Naqueles tempos não havia subsídios do governo, nem pensões, nem rendimentos mínimos e as famílias que eram assim atingidas pelo cruel destino necessitavam de ajuda monetária. Lembro-me de uma minha tia avó que vivia em Peniche, terra de pescadores e fazendo parte das Conferências de S. Vicente de Paulo visitava essas famílias dos marítimos e levava-lhes auxílio de géneros alimentícios e consolo moral e espiritual. Os pescadores viviam da sua dura vida e com escassos proventos. Mas em geral, era gente de fé, tementes a Deus. Bastava passar pelas casas das terras piscatórias para ver quantas casas tinham no exterior um azulejo com Jesus ou Nossa Senhora. Nem todos moviam obviamente e quantos e quantos experimentavam o socorro de Deus em momentos de aflição! Tão diferente do que se passa hoje em que como sabemos se algum desaire acontece, seja na agricultura por uma tempestade ou calamidade ou outra coisa as pessoas imediatamente reclamam do governo indemnizações! Bem, e mais não digo... Sim, ainda quero terminar com Camões:
"Ó mar salgado
quanto do teu sal
são lágrimas de Portugal!"