quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

Faz hoje uma semana que cheguei aqui!

Hoje acordei mais cedo do que era suposto (note-se que o suposto era às 7h...) com uma brutalidade de vento a bater-me na janela. Esteve um dia bem ventoso, para além de que a temperatura também baixou um pouco. Foi chato ainda por cima porque deixei as minhas luvas no carro do Stas (ontem não esteve frio nenhum!) e por causa disso andei o dia todo de mãos nos bolsos, porque não se aguentava. Nem a falar ao telemóvel eu conseguia estar sempre com a mesma mão. Mas claro, sempre temperaturas acima de 0ºC. Foi lindo quando a certa altura começou a chover mas eu olhava para o céu e não se via uma nuvem!...
Assim me levantei eu hoje, já preparada para o frio, e fui para a minha aula de polaco. Apanhei hora de ponta no metro, só consegui entrar no segundo. O que vale aqui é que o metro passa com bastante frequência, então nunca temos de esperar muito. A aula foi engraçada, acho que aguentei melhor que a anterior. Mas realmente, esta língua é para esquecer!! A certa altura ele queria que vissemos a diferença entre "czeszę się" (pentear-se) e "cieszę się" (alegrar-se). Em português o som de ambas é mais ou menos algo tipo: tchéché ché. A diferença de pronuncia é mínima e muito difícil de reproduzir por um estrangeiro. Se alguém entrasse de repente na sala naquele momento, iria achar que éramos todos loucos por estar a repetir várias vezes "tchéchéché". Enfim... Algum dia irei aprender.
Depois da aula fui com um colega até um café muito engraçado que ele gere com um amigo, para fazermos os trabalhos de casa. Ah pois é, isto agora de voltar à escola é assim! Trabalhos de casa e mai' nada! No fim, ele queria por força levar-me a casa. E eu a tentar explicar-lhe que não ia para casa. A certa altura comecei a ficar com dúvidas, porque como ele é sírio pensei: sírio-árabe, árabe-nunca se sabe... Mas não, por fim ele lá se convenceu e deixou-me no metro. Tinha combinado ir almoçar a casa da Júlia. Que alegria foi poder comer uma sopa portuguesa!! Apesar de só estar há uma semana longe de casa, devo dizer que tenho mesmo muitas saudades da comida portuguesa. Em casa dela senti-me mesmo como se estivesse em Portugal.
Quando já era praticamente noite (ou seja, pouco depois da 16h) pus-me a caminho de casa. Apanhei o eléctrico e lá fui. A certa altura dei por mim totalmente sem saber em que paragem devia sair. Sabia que era na 5ª, mas distraí-me e perdi a conta. Para variar, lá continuou a nabice. Resultado: saí uma paragem antes e dei por mim sabe-se lá onde, no meio de uma multidão que andava para todos os lados. Como não me apetecia parar, tirar o mapa e mostrar a toda a gente que sou estrangeira, decidi seguir as setas que vi. Felizmente consegui dar com um sítio onde podia apanhar um autocarro para casa. Uff... que alívio!... Achei piada à delicadeza de uma rapariga no autocarro que me pediu licença para ocupar o lugar ao meu lado e não se sentou enquanto eu não disse que sim. Estes polacos têm piada.
Entretanto, todos os dias tenho guiado o carro por estas ruas que ainda me são um bocado deconhecidas. É impressionante a veracidade da expressão "à noite todos os gatos são pardos", porque eu à noite não consigo identificar imensas ruas, casas, etc. Há-de chegar o dia.
Ah, estava a esquecer-me do mais interessante... Ontem fui ao cinema ver o filme "Apocalypto", do Mel Gibson. Para além do filme em si ser brutal, também foi o facto de ser todo falado em iucateque, um dialecto maia, e com legendas em polaco. Muito interessante... Claro que sobrou para quem teve de me traduzir, mas mesmo assim foi reconfortante perceber uma ou outra frase (nenhuma essencial para a compreensão do enredo, como é óbvio). Tirando isto, o cinema era igual aos nossos, sem grande novidade. Não vi os anúncios antes do filme porque chegámos mesmo quando estava a começar. Também ainda não vi televisão, por isso não posso comentar nada sobre isso.
A última observação de hoje vai para o hipermercado onde tenho ido às compras (MCF, sorry, mas ainda não foi desta que fui à Biedronka!..), que lá no meio tem uma secção cheia de trenós ou lá o que aquilo é, para as crianças brincarem na neve! Se não forem caros, até podia comprar um para a Maria... mas depois ela tinha de vir cá à neve (quando a houver!...) para brincar com ele.

5 comentários:

MCF disse...

Primeiro que tudo cuidado com o sírio!! ;)

Lisboa hoje acordou sob um sol radioso (e algum frio). Depois da chuva de ontem isto está a puxar pelo fds. ;)

Não há nada como a comida portuguesa, não é?!

Pergunta: As salas de cinema são como as nossas (fora estarem cheios de polacos e polacas), mas e têm caixotes do lixo lá dentro?

Essa do trenó nem é muito extraordinária. Cá, no Verão, também vendem piscinas insufláveis, para não falar nas bóias, bolas e colchões. É apenas a oferta adequada às condições meteorológicas. Aposto que na Biedronka vendem coisas bem melhores e mais originais. Não sei como não entraste em nenhuma, existem 905!

Anónimo disse...

Muito interessante essa do tchéchéché... mas talvez demasiados exercícios desses provoquem uma chuva de perdigotos na classe..! E tu que não compraste ainda guarda-chuva! Ah! Pergunta lá ao sírio-àrabe se ele acaso conhece o Rogério Murraças Meca Bombras... Deve ser de família essa tendência para companhias de alto risco... hi hi hi! Não não me cai nenhum dentinho... E afinal como se devem cumprimentar as pessoas aí? Ainda falta esse esclarecimento.

mvs disse...

Respostas:
sim, também há caixotes do lixo nas salas de cinema!!! lindo!
por agora, cumprimento todos os homens com um aperto de mão e as mulheres só com um beijinho.

Anónimo disse...

A comida, em especial a sopa e o pao... como te compreendemos!!! E os pasteis de nata??? E os croquetes da Versailles??? E os croissants do Tonito??? Nao tens saudades?
O treno para a Maria eh uma optima ideia!!! Acho que ela lhe consegue dar uso mesmo sem neve, nao achas?
O sta ja conheceu esse sirio???

Besos
Cat

PS Ja foste ao mail ver as fotos?

mvs disse...

Já!! Adorei as fotos!! :)