No sábado
casou-se o Jarek, irmão do Stas. Foi o primeiro casamento a que fomos com a Teresa e também o meu primeiro casamento polaco. Sim, porque na Polónia os casamento são um pouco diferente dos de Portugal. Passo a explicar.
Antes ainda da cerimónia religiosa, algumas famílias têm a tradição de fazer uma bênção dos noivos. Reúnem-se na casa dos pais de um deles, com algumas pessoas da família, e lá fazem o seu pequeno ritual. Claro que nem todos fazem isto (até porque é um ritual um bocado inventado, já que a bênção mesmo recebem-na os noivos na igreja, não é em casa que se casam). Bem, mas passando à frente, na Polónia os noivos chegam juntos à igreja. Ah pois é! Vão à sacristia assinar os papéis (cá é assim, se desistimos no início da celebração, azar, já assinámos os papéis!!...) com os padrinhos, que são só dois - um do noivo e uma da noiva. Os noivos chegam juntos ao fundo da igreja, com os padrinhos alinhados atrás e esperam que o padre os vá saudar. O padre vai ter com eles, diz algumas coisas e regressa pelo centro da igreja. Os noivos seguem-no e atrás destes os padrinhos. Eu, que sou um bocado tendenciosa, devo dizer que acho mais giro e simbólico o noivo ficar à espera no altar e a noiva entrar com o pai, que a entrega ao noivo. Mas na Polónia não é assim.
Depois, os noivos lá se sentam no centro da igreja, em frente ao altar. Atrás deles, nuns banquinhos individuais, estão os padrinhos. Ou seja, durante toda a celebração, os padrinhos ficam ali em destaque como os noivos. Costinhas direitas e nenhum gesto! A diferença é que não têm genuflexório e os bancos não estão juntos, mas um pouco afastados. Durante o rito do matrimónio, faz-se a invocação do Espírito Santo antes dos noivos fazerem as suas promessas. Para os mais atentos, no nosso casamento também fizemos isso. No fim da Missa, como os noivos já assinaram os papéis todos, toca-se a marcha nupcial e lá vão eles igreja fora, com os coitados dos padrinhos atrás (devo dizer que eu não gostava nada de ser madrinha num casamento polaco... É um bocado seca...).
Lembrei-me agora que menti ao dizer que este era o meu primeiro casamento polaco. Não é verdade. Já assisti a outros. Foi o meu primeiro copo-de-água polaco, isso sim! Digo isto porque há uma tradição polaca que não vi fazerem neste casamento, mas já vi noutros. Ao sairem da igreja, os convidados atiram para o ar (não para cima dos noivos, senão ainda se magoavam) várias moedas. É tarefa dos noivos recolhê-las todas e isso dirá se vão ter uma vida próspera ou não (se não as recolherem todas... é mau sinal).
Típico polaco é levar-se flores para o casamento. No fim da Missa, os convidados fazem fila para ir cumprimentar os noivos e dar-lhes flores. Nós não ficámos na fila, porque estava um frio desgraçado e a Teresa tinha fome. Aproveitei neste momento para fazer uma passagem por casa e de seguida fomos para o copo-de-água.
Chegámos ao hotel antes dos noivos, que ficaram a tirar fotografias. Há uma tradição polaca em que os pais dos noivos os recebem à entrada da sala com pão e sal (não faço a mínima ideia do simbolismo disto). Depois lá fomos aos comes e bebes. Na Polónia, faz-se uma refeição principal, mas depois ao longo da noite vão aparecendo outras pequenas refeições. Dizem que isto se faz, porque os polacos gostam muito de vodka e, quando se abusa da bebida, é bom ir comendo bem para compensar. Neste caso, foi um casamento sem álcool. Só no início, depois da entrega do pão e do sal é que se serviu champanhe, mas foi só mesmo isso.
Agora, a coisa engraçada dos casamentos polacos é que têm um
entertainer que vai fazendo a festa. Ele inventa jogos, danças, põe música, enfim, anima mesmo os convidados! É uma coisa que tem piada. Este, pelo menos, arranjou uns momentos giros. A mim faz-me confusão é que os polacos gostam muito de dançar, mas sobretudo a pares. Eu, que sou um pé de chumbo, evitei grandes danças para não dar barraca. Ao princípio não queria ir, mas depois lá me convenceram. Só que, para meu azar, iniciei-me logo numa brincadeira em que calhava dançarmos com outra pessoa qualquer. Felizmente o meu marido veio salvar-me e trocou de par comigo.
Um pouco antes de comermos pela terceira vez, serviram o bolo dos noivos. Tipiquíssimo, com não sei quantos andares.
No fim da festa já não estive presente, porque entretanto os meus pés começaram a queixar-se e a filhinha também já estava cansadita. Sim, porque a marota divertiu-se que se fartou!! Estava toda bem disposta!
Várias pessoas me foram perguntando o que achava do casamento. Eu respondia sempre que achei diferente. Não posso dizer que é mais giro, porque estou habituada a outro estilo. Mas teve piada. A mim é que ainda me custa participar naquelas brincadeiras e jogos. Não estou habituada a fazer certas figuras tão bem vestida e diante de tantas pessoas (sobretudo mais velhas). Bem, pelo menos não posso dizer que eles não se divertem.
Por este ano, já chega de casamentos à polaca. Agora é só mais uma semana e picos para o casamento à portuguesa do ano.